Zonas de Treino Baseadas em Potência – Sistema de 7 Zonas

Domine o sistema de 7 zonas de treino de potência de Coggan para obter um desempenho ótimo em ciclismo. Saiba como utilizar a Zona 2 de resistência, o treino de limiar e os intervalos de VO₂max.

🎯 Pontos‑Chave

  • 7 zonas de treino definidas pelo Dr. Andrew Coggan com base em percentagem do FTP
  • Zonas baseadas em potência são mais precisas do que frequência cardíaca: feedback imediato, não afetadas por fadiga ou cafeína
  • Zona 2 (Resistência) é a base: 60–70% do treino deve acontecer aqui para construir capacidade aeróbica
  • Zona 4 (Limiar) melhora a eliminação de lactato e a potência sustentável
  • Zona 5 (VO₂max) desenvolve a capacidade aeróbica máxima para esforços de 3–8 minutos

O que São Zonas de Treino Baseadas em Potência?

As zonas de treino baseadas em potência são intervalos de intensidade definidos cientificamente a partir do seu FTP (Potência de Limiar Funcional). Cada zona desencadeia adaptações fisiológicas específicas, desde a construção de base aeróbica na Zona 2 até à potência neuromuscular na Zona 7. Ao contrário das zonas de frequência cardíaca, as zonas de potência fornecem feedback instantâneo e preciso que não é distorcido por fadiga, cafeína, calor ou desidratação. A potência é o padrão‑ouro para treino estruturado em ciclismo.

Porque é que as Zonas de Potência São Superiores à Frequência Cardíaca

❤️ Treino com Frequência Cardíaca

Limitações:

  • Atraso de 5–15 segundos durante intervalos
  • Deriva cardíaca (a FC aumenta com fadiga/calor)
  • Afetada por cafeína, stress e hidratação
  • Variação diária de ±5–10 bpm
  • pouco útil para intervalos curtos (<2 min)

Melhor para: Esforços longos de estado estável, controlo de recuperação

⚡ Treino com Potência

Vantagens:

  • Feedback instantâneo (sem atraso)
  • Não é afetada por fadiga, calor ou cafeína
  • Consistente dia após dia (precisão típica ±1–2%)
  • Perfeita para intervalos de qualquer duração
  • Mede diretamente o trabalho mecânico realizado

Melhor para: Todo o treino: intervalos, tempo, limiar e sprints

🎯 Princípio Fundamental: Potência = Verdade

A potência mede o trabalho real realizado, independentemente de fatores externos. 250 W são 250 W quer esteja fresco ou fatigado, com calor ou frio, com ou sem cafeína. Esta objetividade torna as zonas de potência a ferramenta de treino mais fiável para ciclistas.

Referência Rápida: As 7 Zonas de Potência

Zona Nome % do FTP Duração Típica RPE Exemplo de Treino
1 Recuperação Ativa <55% 10–60 min 1–2/10 Voltinha leve de recuperação, rolar fácil após treinos duros
2 Resistência 56–75% 1–5 h 3–4/10 Saída longa em ritmo confortável, base aeróbica
3 Tempo 76–90% 20–60 min 5–6/10 Blocos tempo contínuos ou “sweet spot” mais fáceis
4 Limiar 91–105% 8–30 min 7–8/10 Intervalos de limiar de 2×20 min ou 3×12 min
5 VO₂max 106–120% 3–8 min 9/10 4×5 min fortes com recuperações iguais
6 Capacidade Anaeróbica 121–150% 30 s–3 min 10/10 Repetições curtas em subida ou sprints longos
7 Potência Neuromuscular >150% <30 s MAX Sprints máximos de 6–12 s a partir de baixa velocidade

As zonas fazem sentido apenas em relação ao seu FTP corretamente testado. Um FTP mal estimado desloca todas as zonas e distorce o planeamento do treino.

Guia Detalhado das Zonas

Zona 1: Recuperação Ativa

Zona 1 <55% de FTP RPE 1–2/10

Objetivo: Promover recuperação sem adicionar stress significativo de treino. A Zona 1 mantém as pernas a mexer, aumenta ligeiramente o fluxo sanguíneo e ajuda a remover subprodutos metabólicos sem criar fadiga adicional.

Marcadores fisiológicos:

  • Frequência cardíaca: <68% da FC máx
  • Sensação: Muito fácil, conversa plena
  • Respiração: Ligeiramente elevada em relação ao repouso

Exemplos de treinos:

  • 30–60 min muito leves no dia após um treino duro
  • Rolar suave de aquecimento e arrefecimento

Zona 2: Resistência

Zona 2 56–75% de FTP RPE 3–4/10

Objetivo: Construir base aeróbica e eficiência metabólica. A Zona 2 é onde ocorre a maior parte do volume semanal de um ciclista bem treinado.

Marcadores fisiológicos:

  • Predomínio de oxidação de gorduras sobre hidratos de carbono
  • Aumento da densidade mitocondrial e capilar
  • Frequentemente descrita como “poderia continuar horas”

Exemplos de treinos:

  • 2–4 h contínuas a 60–70% de FTP
  • Saídas longas de fim‑de‑semana em ritmo de conversa

💡 Regra de Ouro de Endurance

A maior parte dos ciclistas subestima o valor da Zona 2 e pedala demasiado rápido. Se já não conseguir falar frases completas, provavelmente está acima de Zona 2.

Zona 3: Tempo

Zona 3 76–90% de FTP RPE 5–6/10

Objetivo: Desenvolver resistência muscular e tolerância a esforços moderadamente duros. A Zona 3 é eficaz mas fácil de exagerar, levando à chamada “zona de limbo” se usada demasiado.

Marcadores fisiológicos:

  • Maior dependência de hidratos de carbono
  • Acumulação de fadiga se usada em excesso sem recuperação
  • Sensação: “confortavelmente difícil” durante longos períodos

Exemplos de treinos:

  • 2×30 min a 80–85% de FTP com 10 min fáceis entre blocos
  • Saída de grupo em ritmo constante ligeiramente acima de endurance

Zona 4: Limiar

Zona 4 91–105% de FTP RPE 7–8/10

Objetivo: Aumentar o FTP e a capacidade para sustentar ritmos de corrida. A Zona 4 treina o corpo para tolerar e eliminar lactato de forma eficiente.

Marcadores fisiológicos:

  • Lactato perto do limiar (≈4 mmol/L em média)
  • Esforço sustentável 30–60 min em testes
  • Respiração pesada mas controlada, pouca conversa possível

Exemplos de treinos:

Clássicos de Limiar

  • 2×20 min @ 95–100% FTP (10 min recuperação)
  • 3×12 min @ 96–102% FTP (8 min recuperação)
  • 4×10 min @ 95–100% FTP (5–8 min recuperação)

Volume semanal típico: 10–15% do tempo de treino total em fases específicas.

Zona 5: VO₂max

Zona 5 106–120% de FTP RPE 9/10

Objetivo: Desenvolver capacidade aeróbica máxima e potência ao VO₂max. Esforços de 3–8 minutos que treinam o sistema cardiovascular para entregar e utilizar oxigénio a taxas máximas.

Marcadores fisiológicos:

  • Frequência cardíaca: 92–100% da FC máx
  • Lactato: 5,5–10+ mmol/L
  • Respiração: muito pesada, sem conversa

Exemplos de treinos:

Intervalos Clássicos de VO₂max

  • 5×5 min @ 110–115% FTP (5 min recuperação)
  • 6×4 min @ 115–120% FTP (4 min recuperação)
  • 4×6 min @ 108–112% FTP (6 min recuperação)

Volume semanal: 5–10% (muito exigente; utilizar com moderação).

Zona 6: Capacidade Anaeróbica

Zona 6 121–150% de FTP RPE 10/10

Objetivo: Desenvolver potência anaeróbica e tolerância ao lactato. Treina a capacidade para produzir e tolerar níveis elevados de lactato em esforços máximos de 30 s a 3 min.

Marcadores fisiológicos:

  • Frequência cardíaca: 95–100% da FC máx (atrasada em relação ao esforço)
  • Lactato: 10–20+ mmol/L
  • Respiração: extremamente trabalhosa

Exemplos de treinos:

Intervalos Anaeróbicos

  • 10×1 min @ 130–140% FTP (2–3 min recuperação)
  • 8×90 s @ 125–135% FTP (3 min recuperação)
  • 6×2 min @ 120–130% FTP (4 min recuperação)

Volume semanal: 2–5% (custo de fadiga muito elevado; usar estrategicamente).

Zona 7: Potência Neuromuscular

Zona 7 >150% de FTP RPE MAX

Objetivo: Potência máxima de sprint e recrutamento neuromuscular. A Zona 7 treina força explosiva e ativação de fibras musculares de contração rápida.

Marcadores fisiológicos:

  • Frequência cardíaca: variável (não atinge o máximo em <30 s)
  • Potência: produção instantânea máxima
  • Sensação: esforço totalmente explosivo, muito curto

Exemplos de treinos:

Sprints Máximos

  • 6×10 s sprints máximos (5 min recuperação)
  • 8×20 s esforço máximo (5 min recuperação)
  • 5×30 s sprints fortes (10 min recuperação)

Volume semanal: 1–2% (principalmente para sprinters ou fases específicas de preparação para provas).

Distribuição de Treino por Tipo de Ciclista

Ciclistas Recreativos / Fitness

TSS semanal: 300–500 (6–10 horas)

  • Zona 1: 10% (recuperação)
  • Zona 2: 70% (construir base aeróbica)
  • Zona 3: 15% (desenvolver tempo)
  • Zona 4: 5% (limiar ligeiro)
  • Zona 5–7: 0% (ainda não necessárias)

Foco: Construir base aeróbica sólida em Zona 2, adicionar algum tempo para variedade.

Ciclistas Competitivos

TSS semanal: 500–800 (10–15 horas)

  • Zona 1: 5% (aquecimento/arrefecimento)
  • Zona 2: 60% (base aeróbica)
  • Zona 3: 20% (tempo/sweet spot)
  • Zona 4: 10% (sessões de limiar)
  • Zona 5: 4% (intervalos VO₂max)
  • Zona 6–7: 1% (trabalho anaeróbico/sprint)

Foco: Treino polarizado 80/20: maioritariamente fácil, uma parte pequena muito dura.

Provas de Estrada (Critériums/Corridas)

TSS semanal: 600–900 (12–18 horas)

  • Zona 1: 5%
  • Zona 2: 55%
  • Zona 3: 15%
  • Zona 4: 15% (crítico para corrida)
  • Zona 5: 8% (ataques, fechos de espaços)
  • Zona 6–7: 2% (finais em sprint)

Foco: Limiar + VO₂max para corresponder às exigências das provas.

Mountain Bike (XC/Enduro)

TSS semanal: 500–750 (10–14 horas)

  • Zona 1: 10% (técnica, rolar fácil)
  • Zona 2: 50% (resistência base)
  • Zona 3: 15%
  • Zona 4: 10%
  • Zona 5: 10% (acelerações, subidas curtas)
  • Zona 6: 5% (esforços explosivos)

Foco: Mais trabalho em Zona 5–6 para refletir a natureza irregular da potência no BTT.

📊 Princípio de Treino Polarizado 80/20

Ciclistas de elite seguem frequentemente um modelo de treino polarizado: 80% do tempo em zonas fáceis (Z1–2), 20% em zonas duras (Z4–7). Evite passar demasiado tempo em “zona cinzenta” (Z3).

  • Fácil o suficiente para recuperar entre sessões duras
  • Duro o suficiente para desencadear adaptações reais
  • O Bike Analytics ajuda a visualizar esta distribuição com métricas de carga de treino.

Perguntas Frequentes sobre Zonas de Potência

Com que frequência devo atualizar as minhas zonas?

Sempre que o seu FTP mudar de forma significativa (±5–7%). Em prática, a cada 6–8 semanas durante blocos de treino estruturados. Se notar que treinos em Zona 4 parecem demasiado fáceis ou impossíveis, é sinal de que o FTP precisa de ser reavaliado.

Qual é a diferença entre zonas baseadas em FTP e em Potência Crítica (CP)?

FTP e CP medem o mesmo conceito de forma ligeiramente diferente. O FTP é normalmente estimado por testes de 20 min; a CP é calculada a partir de vários esforços máximos de diferentes durações. O Bike Analytics suporta zonas baseadas em CP e FTP. O mais importante é manter consistência no método.

Devo usar suavização de potência de 3 s, 10 s ou 30 s?

Para estrada, 30 s; para BTT, 3–5 s. Em estrada, a potência é mais estável, por isso o suavização de 30 s filtra oscilações naturais. Em BTT, a potência é muito variável, exigindo suavização mais curta para refletir a intensidade real. O Bike Analytics ajusta o suavização automaticamente com base no tipo de saída.

Como é que o treino por zonas afeta o TSS?

A intensidade da zona afeta o TSS de forma exponencial. Zona 2 (IF ≈0,65) ≈ 42 TSS/hora. Zona 4 (IF ≈0,95) ≈ 90 TSS/hora. Zona 5 (IF ≈1,10) ≈ 121 TSS/hora. Quanto mais alta a zona, mais stress de treino por unidade de tempo. Veja a guia de TSS e carga de treino para detalhes.

Posso misturar várias zonas num único treino?

Sim – os treinos mais eficazes são muitas vezes multi‑zona. Exemplo: 15 min em Zona 1 de aquecimento + 2×20 min em Zona 4 + 15 min em Zona 1 de arrefecimento. A chave é a intenção. Evite “derrapar” continuamente para Zona 3 sem querer.

As zonas são diferentes em rolo interior vs estrada?

O FTP em interior costuma ser 5–10% mais baixo do que em exterior devido ao calor, à ausência de inércia e a fatores mentais. Teste o FTP no ambiente onde treina mais. Se treina sobretudo em interior, use valores de FTP de interior para definir as zonas. O Bike Analytics pode acompanhar valores de FTP diferentes para interior/exterior.

A Zona 3 é inútil?

Não – mas é fácil abusar. O trabalho em tempo (Zona 3) é valioso para resistência muscular, especialmente na parte superior (sweet spot). O problema é quando a maior parte dos treinos acaba por cair em Zona 3 por hábito. Utilize‑a com um objetivo claro, não como zona “default”.

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